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Foto do escritorMilene Scotti

A noite escura da alma

A Noite escura da alma é um poema escrito no século XVI pelo poeta espanhol e místico cristão São João da Cruz e de um tratado por ele escrito posteriormente que consiste num comentário ao poema. O poema de

São João da Cruz narra a jornada da alma desde a sua morada carnal até a união com Deus. A jornada é referida como “Noite Escura”, pois a escuridão representa as dificuldades da alma em desapegar-se do mundo e atingir a luz da união com o Criador.


Uma das maneiras pelas quais costumávamos honrar a necessidade de fazer amizade com a escuridão da dor era observar um período de luto. Durante esse período - cuja duração e costumes detalhados variaram de acordo com a época, a religião e a cultura, bem como o relacionamento específico de cada um com a pessoa que morreu.


Tais "regras" ou costumes de luto eram uma maneira de reconhecer a perda e honrar a necessidade de um período de escuridão. Eles eram sinais superficiais de uma crise espiritual profunda. De fato, uma perda significativa mergulha você no que C.S. Lewis, Eckhart Tolle e vários místicos cristãos chamam de "a noite escura da alma".


Após a morte de alguém amado, a noite escura da alma pode ser uma noite longa e muito negra. Se você está lutando após uma perda significativa de qualquer tipo, provavelmente está morando naquela noite longa e escura. É desconfortável e assustador. Isso dói. No entanto, se você se permitir ficar parado na escuridão sem tentar combatê-la, negá-la ou fugir dela, descobrirá que ela tem algo a lhe ensinar.


COMO ENFRENTAR A NOITE ESCURA DA ALMA


A tensão e a ansiedade são necessárias no processo de amadurecimento espiritual e psicológico. Em outras palavras, é a fricção interior que faz com que o espelho de nossas almas seja polido o suficiente para que possamos perceber nossa natureza, nossa verdadeira origem.


Por isso, não devemos temer essa fase, pelo contrário. Devemos aprender com ela, agradecer por estarmos avançando na jornada evolutiva, agora capazes de perceber o mundo para além da materialidade.


É o momento de deixar fluir as emoções e também a razão. A cabeça, ávida por compreensão, vai tentar atribuir sentido em tudo quanto for possível, o que vai gerar frustração. Nem tudo pode ser explicado à luz da razão, e essa é a primeira lição que a Noite Escura da Alma nos ensina: há coisas que não farão sentido, mesmo para a alma mais espiritualizada.


“Do sofrimento emergiram as Almas mais fortes; os personagens mais notáveis são marcados com cicatrizes” Khalil Gibran


Paciência é também uma grande lição que a Noite Escura da Alma oferece. Não há mapa, receita de bolo ou manual, pois cada um vive a sua verdade e atrai para si as experiências na medida exata de suas necessidades. O sofrimento é também a chave que nos liberta da prisão e as cicatrizes que trazemos na alma são o lembrete de que somos fortes, além de representarem a memória da nossa jornada.


7 SINAIS QUE SUA ALMA ESTÁ ATRAVESSANDO A ESCURIDÃO:


1 - TRISTEZA


Uma tristeza invade a sua vida em relação à própria existência. Não devemos confundir com depressão, que é mais autocentrada, ou seja, o sofrimento que decorre da depressão está em torno unicamente do ser e suas experiências. Já a tristeza que acomete os buscadores na Noite Escura da Alma é mais generalizada, e leva em consideração o sentido da vida e o estado da humanidade, se derramando sobre aquilo que acontece com o outro.


2 - INDIGNIDADE


Olhando para o mundo e para as experiências dos grandes mestres, nos sentimos indignos das graças que recebemos. Com a guerra na Síria, como posso eu rezar para conseguir um novo emprego? Dar a outra face para quem nos bate, assim como Jesus, é quase impossível, e isso gera uma frustração que nos faz sentir indignos do reino espiritual.


3 - CONDENADO AO SOFRIMENTO


Ao mesmo tempo que a indignidade aparece, emerge também a sensação de solidão, incompreensão e a impressão de que estamos condenados ao sofrimento. Não nos sentimos conectados nem com o mundo, nem com o divino.


4 - IMPOTÊNCIA


O mundo em ruínas, sendo destruído, e nada podemos fazer. Ao contrário, para sobreviver em sociedade, somos obrigados a compactuar com hábitos e toda uma cultura e valores que ameaçam a possibilidade da continuidade da vida no planeta. Sentimos que somos tão pequenos que nada que possamos fazer terá algum efeito, não só sobre a nossa própria vida como também sobre o mundo.


5 - PARALISAÇÃO


A impotência nos desanima e nos paralisa. Já que nada tem sentido, porque devemos agir? Porque devemos sair da zona de conforto e alçar novos voos? Acabamos paralisados, estagnados, o que é um perigo para o desenvolvimento. Nada é pior do que energia parada, já que o tudo é pautado pelo movimento.


6 - INTERESSE


Impotentes e paralisados, ficamos, ao longo do tempo, desinteressados. O que antes nos causava alegria, ou perdeu o sentido com a chegada do luto ou mesmo que ainda tenha significado, não nos impacta mais da mesma forma. Fica mais difícil encontrar estímulos, estipular metas e desafios que provocam o movimento e evolução em nosso caminhar.


7- SAUDADE


Um saudosismo diferente toma conta das memórias. E não é uma saudade de algo que passou, mas sim de algo que nunca foi vivido, quase que uma saudade de não se sabe o quê. É o cansaço e descrença na vida que nos faz querer retornar ao nosso lar espiritual.


“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã” Leonardo da Vinci

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